Extracto de uma carta aberta de uma mãe anónima para os seus E-Leitores:
"O Sr. Engº José Sócrates fala em Plano Tecnológico e, de facto, eu tenho visto a
tecnologia, mas ainda não vi plano nenhum. Senão, vejamos a cronologia
dos factos associados ao projecto 'Magalhães':
. No princípio do mês de Agosto, o senhor engenheiro apareceu na
televisão a anunciar o projecto e-escolinhas e a sua ferramenta: o
portátil Magalhães.
. No dia 18 de Setembro (quinta-feira) ao fim do dia, o meu filho traz
na mochila um papel dirigido aos encarregados de educação, com apenas
quatro linhas de texto informando que o 'Magalhães' é um projecto do
Governo e que, dependendo do escalão de IRS, o seu custo pode variar
entre os zero e os 50 euros. Mais nada! Seguia-se um formulário com
espaço para dados como nome do aluno, nome do encarregado de educação,
escola, concelho, etc. e, por fim, a oportunidade de assinalar, com
uma cruzinha, se pretendemos ou não adquirir o 'Magalhães'.
. No dia 22 de Setembro (segunda-feira), ao fim do dia, o meu filho
traz um novo papel, desta vez uma extensa carta a anunciar a visita,
no dia seguinte, do primeiro-ministro para entregar os primeiros
'Magalhães' na EB1 Padre Manuel de Castro. Novamente uma explicação
respeitante aos escalões do IRS e ao custo dos portáteis.
. No dia 23 de Setembro (terça-feira), o meu filho não traz mais
papéis, traz um 'Magalhães' debaixo do braço.
Ora, como é fácil de ver, tudo aconteceu num espaço de três dias úteis
em que as famílias não tiveram oportunidade de obter esclarecimentos
sobre a futura utilização e utilidade do 'Magalhães'. Às perguntas que
colocámos à professora sobre o assunto, ela não soube responder.
Reunião de esclarecimento, nunca houve nenhuma.
Portanto, explique-me, senhor engenheiro: o que é que o seu Governo
pensou para o 'Magalhães'? Que planos tem para o integrar nas aulas?
Como vai articular o seu uso com as matérias leccionadas? Sabe, é que
50 euros talvez seja pouco para se gastar numa ferramenta de trabalho,
mas, decididamente, e na minha opinião, é demasiado para se gastar num
brinquedo. Por favor, senhor engenheiro, não me obrigue a concluir que
acabei de pagar por uma inutilidade, um capricho seu, uma manobra de
campanha eleitoral, um espectáculo de fogo de artifício do qual só
sobra fumo e o fedor intoxicante da pólvora.
Seja honesto com os portugueses e admita que não tem plano nenhum.
Admita que fez tudo tão à pressa que nem teve tempo de esclarecer as
escolas e os professores. E não venha agora dizer-me que cabe aos pais
aproveitarem esta maravilhosa oportunidade que o Governo lhes deu e
ensinarem os filhos a lidar com as novas tecnologias. O seu projecto
chama-se e-escolinha, não se chama e-familiazinha! Faça-lhe jus!
Ponha a sua equipa a trabalhar, mexa-se, credibilize as suas
iniciativas!
Uma coisa curiosa, senhor engenheiro, é que tudo parece conspirar a
seu favor nesta sua lamentável obra de empobrecimento do ensino
assente em medidas gratuitas."
Vale a pela reflectir:
- Porque pagamos impostos, para educação ou para material "educativo"?
- Qual o beneficio futuro das crianças brincarem com o computador, ou será prejuízo?
- E os Professores alteram estratégias e metodologias de aula para a utilização deste material?
- A utilização deste material pode ser obrigatória nas aulas (por ex. de Informática), muitas nem têm um computador para cada 2 alunos?
- Os restantes contribuintes não precisam deste material (de 300,00 € na loja), preferiam pagar só 50,00 € (máximo da oferta do Governo)?
- De quem é o dinheiro do Governo? o Governo não tem dinheiro mas sim um fundo de maneio criado pelos contribuintes que ao elegerem um Governo o autorizam a gerir esse fundo chamado Erário Público. Deveria ser feito um referendo a perguntar quem concorda com esta medida?